Vítimas

Desenho: Clara Borba

Vítimas

As vítimas de bullying são, normalmente, pessoas tímidas e que destoam do grupo em que se inserem. Por causa dessa características, encontram dificuldade em expor a violência que estão sofrendo para os pais, educadores e até mesmo para os próprios amigos.

Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, autora da cartilha sobre bullying publicada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), precisa-se criar uma nova política de enfrentamento ao bullying, para ser aplicada nas escolas como forma de repressão a essa prática.

A psiquiatra informa ainda, que algumas instituições de ensino premiam os alunos que estimulam o combate ao bullying e que denunciam esta prática.

O diálogo dentro dos colégios também tem grande importância no enfrentamento ao bullying. " A comunicação deve ser de duas formas, a vertical (entre diretora e alunos) e a horizontal (entre os próprios alunos)", explica a psiquiatra através de um chat pela internet.





 Foto: Gabriella Melo
Educadora Conceição Cavalcante

Em entrevista, a educadora Conceição Cavalcante (foto) fala que também considera o agressor uma vítima, porque quem é feliz não faz mal.



Sou vítima o que devo fazer?


As vítimas se tornam reféns das agressões, pois acham que ao contar para os pais, amigos ou professores possam sofrer algum tipo de retaliação por parte dos agressores. Além disso, as pessoas que sofrem o bullying acham que os pais podem se decepcionar por ter um filho covarde e não popular na escola.

Elas devem ter em mente que há punição para quem pratica o bullying e que os pais e diretores da escola são peças fundamentais para que os culpados sejam punidos.

Ao mesmo tempo em que as agressões devem ser ignoradas, não correspondidas, elas devem ser relatadas aos pais, funcionários do colégio e amigos.




Entrevista

   "Entrevista com ex-vítima de bullying, Caio Lima, por MSN".

A difícil trajetória para sair do posto de "loser" e tornar-se exemplo de força e superação


Carolina Borba diz: se você pudesse ficar cara a cara com as pessoas que te agrediram ou que praticam o bullying, o que você diria a eles?

Caio Lima diz: eu perguntaria o porquê de julgar e fazer tanto mal a uma pessoa sem ao menos conhecê-la, se não acham injusto.

estudante Caio Lima, 16 anos, ex-vítima de bullying contou como começou essa fase, a superação e a importância da família e dos amigos para crianças e adolescentes nesta situação.

A palavra bullying, do inglês bully (s.m. valentão, v. ameaçar), é o uso do poder ou da força para intimidar ou perseguir os outros na escola. As vítimas dessa prática são, geralmente, pessoas que apresentam características físicas ou comportamentos diferentes do resto do grupo e por isso se tornam indefesas e incapazes de reagir e pedir ajuda.

Tímido, sensível e calado, Caio destoa dos garotos de sua turma e por isso virou alvo fácil para xingamentos e piadas. Contundo, o estudante isenta os alunos agressores da culpa.

"Na infância, na escola, algumas crianças são educadas por pais não educados. Com isso, elas acabam pegando os costumes dos adultos de não aceitar a diferença e sim julgá-la". Apesar disso, o adolescente acredita na pureza das crianças e se diz mais a vontade perto delas. "Ás vezes, não gosto muito de ficar perto de adultos por que eles costumam te avaliar em tudo e isso me incomoda".

Segundo Pesquisa encomendada pela Ong Plan, que realiza trabalhos voltados para crianças e adolescentes, o norte e nordeste possuem a menor incidência de maus tratos em escolas. As duas regiões marcam 21% de incidência cada uma, contra 39% do sudeste, que está em primeiro lugar nos casos de bullying.

Apesar disso, o acesso aos meios de comunicação (tv e internet) no nordeste é menor dentre as regiões pesquisadas. São 42% que acessam nesta região contra 65,8% do centro-oeste. A falta de uma comunicação de qualidade dificulta o acesso a informação e, consequentemente, impede que as vítimas busquem ajuda apropriada.

Caio sentiu isso na pele, mas pode contar com a família e com os amigos para vencer na luta contra o bullying. "Minha mãe sempre me consolava, dizia que nunca desse atenção", revela o jovem.

Quando perguntado como os amigos podem ajudar uma vítima de bullying, o estudante ensina: "mostrando-lhe suas qualidades em seu jeito de ser, conversando e nunca fazê-lo se sentir inferior por uma simples característica física ou pessoal".

Para os que ainda sofrem com o bullying, Caio deixa um recado: "o segredo é você levar tudo na brincadeira, é o que faço hoje, para o bully perder a graça". E finaliza: "nunca leve a sério".